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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Ministro das Cidades deixa a pasta e é o sétimo a cair por mau uso de verbas.

Maurício Savarese

Do UOL, em Brasília


Marcelo Camargo/Folhapress
Depois de se dizer "mais firme [no cargo] do que as pirâmides do Egito", Negromonte se tornou o sétimo membro do governo Dilma Rousseff a sair por denúncias de corrupção
Depois de se dizer "mais firme [no cargo] do que as pirâmides do Egito", Negromonte se tornou o sétimo membro do governo Dilma Rousseff a sair por denúncias de corrupção.

Filiado ao PP, Mário Negromonte é o primeiro ministro a cair em 2012 após acusações de mau uso de verbas públicas. Ele oficializou sua saída da pasta das Cidades após reunião com a presidente Dilma Rousseff na tarde desta quinta-feira (2), em Brasília. Negromonte sai em meio a acusações de que membros de sua equipe negociaram com lobistas em um projeto de informática e de que obras ligadas à Copa do Mundo em Cuiabá teriam sofrido ingerência para ficarem mais caras.

O agora ex-ministro será substituído por Aguinaldo Ribeiro (PP). Em nota oficial entregue pela ministra-chefe de Comunicação Social, Helena Chagas, o governo anuncia a demissão do ministro: "O ministro das Cidades, deputado Mário Negromonte, entregou hoje sua carta de demissão à presidenta Dilma Rousseff. A presidenta da República agradece os serviços por ele prestados ao país à frente da pasta e lhe deseja boa sorte em seus novos projetos. Para substituí-lo a presidenta convidou o deputado Aguinaldo Ribeiro".

Depois de se dizer “mais firme [no cargo] do que as pirâmides do Egito”, Negromonte se tornou o sétimo membro do governo Dilma Rousseff a sair por denúncias de corrupção: Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Wagner Rossi (Agricultura), Pedro Novais (Turismo), Orlando Silva (Esportes) e Carlos Lupi (Trabalho) o precederam. O ex-ministro da Defesa Nelson Jobim também deixou o governo, mas por ter feito críticas públicas à gestão.

Negromonte deve reassumir o mandato de deputado federal, cujo cadeira estava sendo ocupada por seu segundo suplente, o ex-pugilista Acelino Popó Freitas.

Ele se fragilizou na pasta depois de o jornal “Folha de S.Paulo” informar que o chefe de seu gabinete, Cássio Peixoto, recebeu lobistas para contratar um sistema de informatização da pasta. Eles negam terem fechado qualquer acordo e a licitação ainda não foi feita.

No ano passado, o jornal “O Estado de S. Paulo” informou que obras de transporte em Cuiabá receberam uma nota técnica negativa no ministério e, mais tarde, esse parecer foi mudado de maneira suspeita, supostamente com interferência pessoal do ministro. Essa alteração aumentaria os custos da obra em R$ 700 milhões.

Explicações no Congresso

Negromonte foi ao Congresso para negar as denúncias e instaurou uma sindicância ainda não finalizada no Ministério das Cidades. Ele nunca esteve confortável no cargo, mesmo entre os colegas: muitos preferiam o retorno de Márcio Fortes, titular da pasta no governo Luiz Inácio Lula da Silva, ou eram críticos dos aliados que o ministro escolheu na Câmara e no Senado.

Nascido em Recife, o advogado e empresário Negromonte, 61, fez carreira política na Bahia. Ele já foi filiado ao PMDB (1986-1988), ao PSDB (1988-2001) e entrou no PP em 2001 (na época o partido se chamava PPB). Foi deputado estadual entre 1991 e 1994, ano em que obteve o primeiro de seus cinco mandatos de deputado federal.

Foi líder do PP na Câmara ao longo do segundo mandato de Lula. Em meio à fritura, disse ser vítima de fogo amigo e afirmou ser vítima de preconceito contra nordestinos. Disse ainda que discriminação contra as mulheres torna alvos o governo Dilma e seus ministros. É casado com Vilma Negromonte, prefeita da cidade de Gloria (BA), e é pai de três filhos.

Entenda as acusações contra os ministérios.

INTEGRAÇÃO NACIONAL
DESENVOLVIMENTO
TRABALHO
CIDADES
ESPORTE
TURISMO
AGRICULTURA
TRANSPORTES
CASA CIVIL
Reprodu��o
O ministro da pasta, Fernando Bezerra

O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, é acusado de beneficiar seu Estado, Pernambuco, com a destinação de verbas contra as chuvas. Ele é pré-candidato à Prefeitura do Recife pelo PSB. Levantamento da ONG Contas Abertas mostra que 95% da liberação de pagamentos assumidos no ano passado foram para Pernambuco. Da mesma forma, o Estado também foi beneficiado com as verbas de 2012.

Veja um resumo das acusações contra Bezerra:

Filho - Com relação ao empenho de 100% das emendas parlamentares requisitadas pelo filho dele, o deputado federal Fernando Coelho Filho (PSB-PE), Bezerra justificou que outros 53 deputados também tiveram seus pedidos totalmente contemplados pela pasta.

Irmão - Clementino Coelho é diretor da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), desde 2003. A empresa pública, vinculada ao Ministério da Integração Nacional, no qual o irmão dele, Fernando Bezerra Coelho, é ministro. O decreto n° 7.203 de 2010 proíbe que um servidor se mantenha em cargo público subordinado a um parente. No entanto, a empresa justificou que a escolha dele foi por ele ser o diretor com mais tempo de casa.

Tio - O ex-deputado federal, Osvaldo Coelho, foi indicado para vaga de conselheiro no Comitê Técnico-Consultivo para o Desenvolvimento da Agricultura Irrigada do Ministério da Integração. Em nota, o ministro diz ser “um equívoco afirmar” que o ministro “deu cargo”, “uma vez que a função de conselheiro não se trata de cargo em comissão ou função de confiança, não tem direito à remuneração e nem subordinação hierárquica ou funcional ao Ministro.

Terreno em Petrolina - Reportagem da Folha de S.Paulo do dia 9 de janeiro mostra que Fernando Bezerra usou verba do município de Petrolina para comprar por duas vezes o mesmo terreno para abrigar um aterro sanitário, em 1996 e 2001, nos valores de R$ 90 mil e R$ 110 mil. O ministro já respondeu que o "erro" ocorreu porque o seu sucessor na prefeitura não registrou a compra e que “foram tomadas medidas eficazes para restituir os valores pagos pela prefeitura, resguardando-se o Patrimônio Público Municipal de qualquer prejuízo”.

Aliados - Reportagem da Folha de S.Paulo do dia 11 de janeiro revela que a empresa Projetec Projetos Técnicos, dirigida por João Recena --amigo e correligionário de Bezerra-- foi escolhida para firmar contrato com a Codevasf, no valor de R$ 4,2 milhões, em Pernambuco, no ano passado, apesar de ter apresentado preço mais alto do que as cinco outras concorrentes. Reportagem do Correio Braziliense também do dia 11 de janeiro também mostrou que duas das principais empresas doadoras de campanha do filho de Bezerra assinaram 14 contratos com a Codevasf, no valor de R$ 98,6 milhões.

Um comentário:

  1. Há um ano que os Ministérios se tornaram uma passarela onde ministros entram e ficam somente o tempo de um desfile. Virou um sambódromo aquilo lá.

    JOÃO FRANCO.

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